Apenas existir já é um ato de coragem

Existir, para alguns, é apenas estar no mundo. Mas para muitos de nós, existir como realmente somos já é, por si só, um ato de resistência. Há um peso invisível em cada escolha que afirma o nosso verdadeiro eu. Há forças sutis — e outras bem gritantes — que tentam nos moldar, nos doutrinar, nos convencer de que há algo de errado com a nossa essência.

E isso, é claro, quando já tivemos a chance de descobrir essa essência.

Porque antes de lutar para defendê-la, é preciso um processo — às vezes longo, às vezes doloroso — de descobrimento. Quem sou eu, debaixo de tantas camadas de expectativa, medo, adaptação e silenciamento? Quem sobra de mim quando deixo de agradar, de performar, de esconder?

Primeiros Passos em Direção à Autenticidade

Quando você resolve dar os primeiros passos em direção a si mesmo, é como se precisasse se divorciar de uma versão que você mesmo acreditou ser. Não porque era de fato você — mas porque foi essa imagem que te ofereceram, que você aprendeu a reproduzir para sobreviver, para ser aceito, para “dar certo”.

Esse “divórcio” dói. Dói porque você investiu anos sustentando aquela identidade. Dói porque ela te deu certa segurança. Você sabia o que esperar. Sabia como ser visto. E agora... não sabe mais.

Mas é aí que começa o renascimento.

Desconstruir-se é, Sim, um Luto

Muita gente fala em “desapegar do que não serve mais”. Mas nem sempre isso é leve. Às vezes, é quase um velório. Você chora por aquela versão de si mesmo que tentou tanto agradar, que se moldou tanto ao que os outros esperavam. Você sente a dor de ver ruírem os sonhos que não eram seus, mas que você carregou como se fossem.

E, paradoxalmente, é nesse luto que a vida começa a nascer de novo.

É Possível Recomeçar — Mesmo Depois de Velho

Você pode ter 20, 30, 40, 60 anos. A idade biológica não impede ninguém de nascer de novo. Não o nascimento físico, claro, mas aquele outro: o nascimento emocional, simbólico, verdadeiro. É um parto de dentro para fora.

E não precisa ser bonito, nem organizado, nem compartilhável no Instagram. Pode ser silencioso, confuso, cheio de medo. O importante é que ele seja seu.

Simplesmente Seja

Com todas as dores e alegrias que isso carrega.

Não é preciso se tornar algo extraordinário. Não é preciso corresponder a todos os critérios de sucesso, felicidade ou evolução pessoal. A verdadeira vitória é parar de se trair. É ter coragem de ser quem se é, ainda que isso custe o aplauso dos outros.

Simplesmente seja. Ainda está em tempo.

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