top of page
Foto de Perfil com Moldura.png

Wagner Soares de Lima

Blog

Reflexões sobre trabalho, vocação, instituições, afetos e as travessias invisíveis que moldam quem somos. Aqui, escrevo com escuta, compartilho ideias com alma e transformo vivências em pensamento — para quem busca sentido, recomeço ou apenas companhia lúcida no caminho.

  • Facebook
  • Instagram
  • Youtube
  • LinkedIn
  • X

Manifesto de Propósito

  • Foto do escritor: Wagner Soares de Lima
    Wagner Soares de Lima
  • 22 de mai.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 26 de mai.

ree


ree

Primeiro, desperte. Depois, transforme.


Despertar pessoas é o primeiro gesto. Curar organizações, o ajuste necessário. Reencantar trajetórias, o caminho por onde o sentido de vida pode ser resgatado. E quando esse sentido emerge, torna-se possível, enfim, pensar a sociedade e imaginar, com lucidez e esperança, o futuro da humanidade.


Mas essa frase não nasceu pronta. Ela nasceu de mim — e de tudo o que fui atravessando até entender por que fazia sentido.


Sou professor, pesquisador, autor — mas antes disso, fui filho de militar e neto de guarda civil. Cresci dentro de uma lógica onde eu era livre para ser até o ponto onde não conflitasse com as expectativas. Por isso, por vocação, entrei na formação militar; mas me gerou um incômodo-atrativo que isso fosse dentro da atividade policial. Passei em concurso por necessidade de segurança, por sobrevivência, não por desejo. Fui oficial. Servi. Fiz o que era preciso. Mas lá dentro, em silêncio, algo em mim continuava procurando outro tipo de missão.


A verdade? Eu já sabia. Desde os 16 anos eu era professor — ensinando informática, tentando traduzir o mundo para outros adolescentes como eu. Mas faltava coragem, faltava estrutura, faltava nome.


E então veio a graduação em Administração. Escolhida inicialmente com dúvida, mas que hoje entendo como uma das melhores decisões da minha vida. A Administração me ensinou que até os afetos precisam de estrutura, e que até os sistemas podem — e devem — ser redesenhados com alma.


Depois, por um desvio de rota belíssimo, mergulhei na Ecologia Humana. Um curso que me desorganizou para poder me reorganizar. Me levou direto ao coração do que me inquietava, sem que eu soubesse nomear. Meu orientador, com firmeza e sensibilidade, me disse:“Você precisa fazer terapia.”Mas, claro, eu entendi errado — fui estudar Psicanálise e Psicologia Junguiana.


Mergulhei nas teorias, mas o que encontrei foi a mim mesmo — em partes, em camadas, em espelhos. Me vi como quem nunca tinha se olhado.TDAH. Autismo. Palavras que vieram depois, como nomes de uma arquitetura interna que eu sempre habitei, mas nunca soube descrever.Entender minha neurodivergência foi como acender uma luz num mapa antigo: tudo passou a fazer sentido.


Eu já estava lá.Já tinha vencido.Só não tinha percebido que tinha chegado.


Mas a jornada ainda tinha seus terremotos. Os divórcios, por exemplo. Rasgaram a alma. Doeu admitir que eu também contribuí para as rupturas.Doeu mais ainda saber que talvez, se eu soubesse o que sei hoje, teria feito diferente lá atrás. Mas o tempo não volta. Só a consciência avança.


E com ela, vieram também outras compreensões.Aquelas mais sutis, quase místicas. A sensação de ter vivido coisas que não cabem nesta vida. Como se houvesse um drive na nuvem, com todos os meus outros eus: Marco, Joseph, outros nomes, outras versões. Talvez vidas passadas, talvez dimensões paralelas.Talvez apenas formas poéticas de dizer que sou muitos, e que alguns desses “eus” só precisavam de permissão para existir em mim agora.


Foi libertador parar de tentar ser o bonzinho.Mais libertador ainda foi parar de tentar caber no que os outros esperavam.


Hoje eu sei:
Que problemas institucionais muitas vezes nascem de desajustes pessoais.
Que antes de querer mudar o mundo, você precisa entender quem você é — e arrumar sua casa interna.
Que identidade profissional é uma travessia pela alma, não uma função no crachá.
Que viver a sua vida, de fato, é não repetir a dos seus pais.
Que o propósito só aparece quando você para de correr atrás de aprovação.

Agora eu posso dizer, sem performance e sem medo:

Encontrei meu propósito. Sei quem eu sou. Sei o que fazer.


E o que eu quero fazer, a partir daqui, é compartilhar. Compartilhar o que vivi, o que pensei, o que transformei em mim e ao meu redor.


Oferecer caminhos para que outras pessoas despertem, se curem, se reconectem com a própria trajetória. E para que possamos, juntos, pensar a sociedade e imaginar, com coragem e sensibilidade, o futuro da humanidade.


Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
Foto de Perfil com Moldura.png

Wagner Soares de Lima

Autor

  • Facebook
  • Instagram
  • Youtube
  • LinkedIn
  • X

Wagner Soares de Lima é professor, pesquisador e autor com trajetória transdisciplinar nas áreas de administração, segurança pública, subjetividade e educação. Já atuou como oficial da Polícia Militar, técnico em segurança universitária e hoje leciona no Instituto Federal de Rondônia.

 

Sua escrita mistura experiência de vida com pensamento crítico e sensível, transitando entre ensaio, autobiografia, espiritualidade e psicologia. Seus livros exploram temas como vocação, dor emocional, sentido de vida e os impactos humanos das instituições, sempre com o propósito de despertar consciências, curar histórias e reencantar trajetórias.

bottom of page